Muitas vezes ouço as pessoas se queixando dos modos das crianças de hoje. É muito comum ver uma criança fazendo "birra", gritando com os pais, sendo indelicada ou mal educada com as pessoas. Porque cenas assim são tão comuns hoje em dia? acho que a resposta a essas perguntas deve responder também porque há tantos casos de adolescentes que promovem jacinas em escolas e cinemas, porque jovens queimam gratuitamente mendigos e índios, afogam colegas calouros universitários, ou participam do assassinato de seus próprios pais. Com certeza esses jovens foram crianças sem limites, e consequentemente, sem noção de respeito ao próximo.
Esse é um tema que muito me intriga, apesar de ainda não ter filhos, porque tenho observado os filhos de meus amigos e os modos das crianças em geral e queria muito que com meus filhos fosse diferente. Acho incrível quando vejo que muitos desses pais parecem nem perceber que são dominados por seus filhos e que crianças de apenas 1 ano e meio, ou menos, mandam em toda a família, e comandam toda a rotina da casa como pequenos déspotas. Muitos desses pais se acomodam justamente por perceberem que não são só eles que agem assim e como percebem que todas as crianças que conhecem são assim, acham que isso é normal. É verdade que hoje em dia muitas crianças têm essas características dominadoras porém por ser um fato comum não siginifica nem um pouco que seja um fato normal. Tanto que muitos pais se veêm desesperados com a situação e o número de crianças que passam por tratamentos piscológicos é cada vez maior, pois a maioria dos pais não sabem como lidar com isso e delegam essa função a profissionais.
Lendo a respeito do assunto encontrei um material muito rico e muito útil. São depoimentos de pessoas que estudam especificamente esse assunto a muitos anos na teoria e na prática. É claro que não existe fómula mágica para se educar um criança e não é isso que se deve procurar ao pesquisar o assunto, mas deve-se respeitar os estudos feitos por esses especialistas e procurar adequar tudo que lê ao seu caso e sempre usar o bom senso.
Várias teorias tentam explicar o que houve com essa nova geração. Uma das explicações é a de que muitos pais de hoje são fruto de uma educação muito rígida e repressora e não querem repetir isso com seus filhos por isso são exessivamente permissivos. Outra teoria é a de que a moderna vida profissional toma muito tempo dos pais na educação de seus filhos e muitos deles ainda tentam recompensar essa ausência fazendo todos os gostos dos filhos. Outra coisa que também é levada em conta é a cultura de impunidade tão divulgada na mídia de hoje, onde descumprir regras e fazer o errado não é punido, tornando difícil para os pais fazer com que seus filhos compreendam a necessidade de se cumprir regras e fazer o que é certo.
Independente do porquê das coisas terem chegado onde estão o importante é tentar acertar. Há alguns anos tentou-se implantar uma teoria onde não se podia dizer não às crianças afim de não traumatizá-las. Não precisa nem dizer que essa teoria não funcionou. Hoje o que se tenta é atingir um ponto de equilíbrio entre o "pode tudo e o "não pode nada". Já dizia o filósofo Aristóteles: "A justiça está no meio termo."
A arte de educar é muito difícil mas primordial ao desenvolvimento da sociedade e do ser humano. Nenhuma pessoa, por mais inteligente e genial que seja, tem a capacidade de educar a si mesma e preparar-se sozinha para os desafios da vida adulta. Essa é uma tarefa dos pais com o natural apoio da escola, dos parentes, dos amigos e de quem mais puder ajudar nesse fascinante desafio que é preparar uma nova geração.
O psicoterapeuta José Ernesto Bologna, consultor dos colégios Bandeirantes e Santa Cruz, em São Paulo, costuma contar a história de Ícaro, um mito grego de mais de 3.000 anos, nas suas palestras sobre a importância dos limites na educação dos filhos. Nessa história, Ícaro é um garoto que, na adolescência, recebe do pai, Dédalo, um par de asas feitas de penas de aves coladas com cera. Com elas, Ícaro poderia voar, desde que observasse determinadas regras, como não se aproximar demais do sol. Porém descumprindo a regra foi exatamente isso que Ícaro fez, voou tão alto que o calor solar derreteu a cera de suas asas e ele caiu e morreu. "No mito há uma lição simples: os pais devem estimular seus filhos a fazer coisas novas, como voar no caso de Ícaro, mas antes é necessário ter certeza de que o filho é capaz de respeitar limites", observa Bologna. "É preciso ser sempre muito claro e até intransigente quanto às regras e condutas a ser seguidas."
Acontece que muitos pais modernos se tornaram modernos em excesso. Não sabem dizer não para nada. Com isso, prejudicam os filhos. A liberdade excessiva, ensina agora um número crescente de psicólogos e pedagogos, produz adultos sem noção de limites e responsabilidades.
São raros os pais que conseguem dosar direito essa fórmula. Geralmente, começam a ceder quando o filho ainda é recém-nascido. Aos poucos, perdem o pé da situação, criando em casa um pequeno déspota. Muitas vezes o resultado dessa ausência de limites dentro de casa só vai aparecer na escola, ocasião em que a criança ou o adolescente começam a dar sinais de problemas emocionais.
Muitos pais se decepcionam com o que se tornaram seus filhos, muitos reclamam da falta de respeito e da ingratidão dos filhos depois de terem dado tanto amor e feito tudo por eles. Não percebem que foi exatamente aí em: "fazer tudo por eles" que morou o erro. Agiram na melhor das intenssões porém, por falta de informação e exesso de zêlo erraram feio e hoje eles próprios são vítimas da falta de respeito com as pessoas, do desprezo com o próximo que eles acabaram por ensinar a seus filhos quando lhe fizeram crêr que eles eram as pessoas mais importantes do mundo e niguém mais. Em muitos casos talvez seja tarde demais para perceber que mais que tentar impedir traumas o trabalho deles era ensinar aos filhos a lidar com traumas. Afinal traumas, frustrações e desafios fazem parte da vida. Não é difícil perceber que quando se tenta proteger os filhos de tudo, fazendo tudo por eles, defendendo-os de tudo e contra todos (mesmo que estejam errados) evitando traumatizá-los, corre-se o risco de criar um adulto prepotente e arrogante com extremo despreso aos direitos do próximo, ou alguém sem o mínimo de responsabilidade, sem noção dos seus limites, sem senso moral, ou no mínimo alguém sem iniciativa que não sabe agir com as próprias pernas e sem capacidade de enfrentar qualquer desafio na vida.
O problema é que a maioria das pessoas vêem as crianças como uma espécie diferente do ser humano adulto. Esquecem que as crianças são germens dos adultos de amanhã e não falam com elas explicando, claro de acordo com o seu grau de entendimento, o que elas devem saber como futuros adultos. Ouço muito essa frase: "Deixe, é só uma criança" Não podemos menosprezar a capacidade de uma criança em entender nada, pois ela é um ser humano racional como outro qualquer e pode e deve ser orientada a fazer o certo sempre. Nunca se deve permitir que faça algo errado só porque é uma criança. Algumas vezes temos que perguntar se o que a criança está fazendo é certo para um adulto e se não for certo repreendê-la enquanto é tempo, pois a criança mal educada de hoje é um adulto problemático amanhã.
Ao contrário do que parece, uma criança com limites bem definidos e explicados saberá ser grata a seus pais, e por incrível que pareça toda criança pede limites, ela deseja isso de seus pais, isso demonstra atenção para com elas. Não tenha medo de que seus filhos deixem de gostar de você por impor-lhes limites, ao contrário, com isso verá que valores de gratidão serão induzidos nele e mais tarde não te decepcionará com eles.
Façamos o nosso papel de educadores com toda responsabilidade que lhe cabe e com todo amor que for possível. Assim, com certeza, não teremos 100% de acertos, mas teremos consciência de termos feito o melhor e além disso sempre se pode tentar acertar. O aprendizado é uma estrada de duas mãos, pois quem tem a tarefa de ensinar sempre aprende muito também.
PENSAMENTO DA SEMANA
Deus criou o homem a sua própria imagem e depois o homem lhe devolveu o cumprimento.
Voltaire
Voltaire
terça-feira, 23 de outubro de 2007
O que há com as Crianças de Hoje?
Postado por
Nataly
às
12:24
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